Colégio proíbe ouvir e dançar Kuduro nas suas instalações citando questões de indisciplina

O Colégio Nossa Senhora da Anunciação, situado em Viana, Luanda, tomou uma decisão contestada ao proibir alunos e professores de ouvir e dançar Kuduro dentro das suas instalações. A medida, divulgada através de duas notas de repúdio na página oficial da instituição de ension no Facebook, datadas de 18 de março, levanta questões sobre a influência cultural da música e dança popular angolana na disciplina escolar.

Segundo as publicações, a administração da instituição expressa preocupação com o impacto negativo que o Kuduro, um ritmo dançante angolano reconhecido internacionalmente, está a ter no comportamento dos estudantes. “Temos estado a constatar que a dança do ‘Kuduro’, está a tornar os alunos indisciplinados.”, afirma uma das notas dirigidas aos pais.

Semelhantemente, a outra nota direcionada aos trabalhadores e professores do colégio ecoa a mesma preocupação: “A dança ‘kuduro’, está a tornar muitas pessoas indisciplinadas. Por isso, os professores e trabalhadores estão proibidos de ouvirem e dançarem esse tipo de música. Você merece ser virtuoso e próspero.”.

Esta medida está a gerar debate sobre a importância da expressão cultural e a liberdade individual no ambiente educativo. Enquanto alguns apoiam a decisão do colégio na busca por um ambiente de aprendizagem mais focado e disciplinado, outros veem a proibição como um ataque à cultura local e uma restrição desnecessária à liberdade de expressão dos alunos e funcionários.

O Kuduro, que surgiu nos anos 90 em Angola, é mais do que um género musical e uma dança; é uma expressão cultural que reflete a energia e a criatividade do povo angolano. A decisão do Colégio Nossa Senhora da Anunciação de proibir essa expressão cultural levanta questões importantes sobre como as instituições educativas equilibram a disciplina com o respeito e a valorização das tradições locais.

À medida que a decisão do Colégio Nossa Senhora da Anunciação de proibir o Kuduro nas suas instalações ganha atenção, figuras públicas e a comunidade online começaram a expressar suas opiniões sobre o assunto. Entre eles, o kudurista Pai Diesel mencionou que sua filha, Lindinês, estuda no colégio, indicando o impacto pessoal da medida. Por outro lado, o rapper Deksz, membro do grupo Mobbers, argumenta que a proibição deveria estender-se a mais estilos musicais se o objectivo é combater influências negativas.

Em resposta às crescentes discussões, a instituição reiterou que sua decisão de proibir o Kuduro visa preservar os valores éticos e morais que desejam implementar nos seus alunos. Em uma declaração nas redes sociais, o colégio esclareceu: “Nada contra à cultura nada contra a nossa angolanidade, mas sim contra as influências negativas encontradas nas músicas de hoje.” Além disso, destacou sua ampla presença em Angola, servindo a uma vasta comunidade estudantil.

Esta medida e as respostas resultantes ressaltam o conflito entre a preservação de valores educacionais e o respeito pela expressão cultural angolana. Com mais de 13.900 estudantes e um corpo docente e administrativo significativo, o impacto desta decisão é profundo, afectando não apenas a comunidade escolar, mas também provocando um debate mais amplo sobre cultura, educação e a juventude angolana. A comunidade espera ver como esta debate evoluirá, reflectindo sobre o equilíbrio entre a manutenção de princípios e a celebração da rica tapeçaria cultural de Angola.

 

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